“Vá dizer aos meus irmãos” (Jo. 20,17)
As Dominicanas e a evangelização
As dominicanas, creio – mas toca a elas o expressar – trazem à santa pregação uma experiência específica da relação a Cristo, um modo particular de ouvir a Palavra, um modo preciso de organização da sua fraternidade,uma vulnerabilidade ao que faz nascer e morrer o mundo que lhes é próprio, uma maneira de dizer Deus. Elas trazem também a grande diversidade das interpretações da intuição dominicana tal como suas fundadoras lhes transmitiram, e de modo especial uma compreensão fulgurante, em dado momento da história humana, da atualidade da intuição de Domingos em tal ou tal contexto ou meio, para uma ou outra função de serviço da humanidade. Vá dizer aos meus irmãos! Isto seria talvez o que as nossas irmãs leigas e religiosas teriam a nos ensinar. Isto seria também, sem dúvida, o que os irmãos poderiam ter vontade de aprender. Aprender juntos o mundo, e neste ano muito particularmente, os irmãos, graças às nossas irmãs e as irmãs entre elas, mais além das divergências, para deixar que se abra no coração da santa pregação de hoje, uma sede da Palavra da ressurreição. Em uma família, os vínculos mais sólidos e mais belos são com freqüência os que se trazem através da compartilha de alegrias e dores, pela oferta mútua das amizades compartilhadas, pelo apoio mútuo, quando a prova do mundo nos faz duvidar como saber encontrar o nosso futuro nele. Em família não são quase sempre as mulheres que estabelecem vínculos, elas que são garantias do vínculos entre os seres, porque elas engendram a vida, elas que inspiram a confiança necessária para que o conjunto dos membros tenham o desejo de nascer de novo na fraternidade e na filiação? E para nós, na família de Domingos, o desejo de aprender escutar e amar o mundo como filhas e filhos do Pai e como irmãs e irmãos da humanidade, o desejo de ser, neste mundo, como “sacramentos de fraternidade”.
Porque, falar de dominicanas – monjas, irmãs, consagradas e leigas – é antes de tudo falar da parte imensa que tiveram e têm ainda hoje neste trabalho de evangelização, neste engendrar a esperança por meio da “evangelização da Palavra de Deus” no mundo. Os lugares de oração e de fraternidade, de contemplação e de hospitalidade que são os mosteiros da Ordem são as primeiras pedras da pregação. Nestes lugares, as chamadas e as necessidades, as penas e as esperanças de todo o mundo são recolhidas na oração e apresentadas ao Pai. A contemplação dominicana é assim, total e profundamente, pregação. É impossível enumerar os inumeráveis compromissos, amizades e obras realizados pelas irmãs de vida apostólica da Ordem. São sempre presenças e atos que fazem da Palavra uma boa nova para os seus contemporâneos. Com a preocupação específica de encontrar como traduzir o desejo que “acenda-se o fogo” da graça do Espírito no mundo. Preocupação manifestada ao longo dos séculos por suas fundadoras ou fundadores, em contextos em que o lugar e o reconhecimento das mulheres não eram evidentes. No caso das irmãs leigas, em suas famílias, seus grupos de amizade, lugares de sua profissão, é sempre esta grande criatividade e diversidade que se manifestam para fazer ver e ouvir a Palavra como uma boa nova, da qual pode nascer a esperança da ressurreição.
Roma, 13 de janeiro de 2012 Fr. Bruno Cadoré O.P. Mestre da Ordem
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