5º DOMINGO DA QUARESMA
3. Evangelho (Jo 12,20-33)
Os gregos que estão em Jerusalém para prestar culto a Javé também querem entrar em contato com Jesus, se aproximar dele, segui-lo.
É o alcance do seu “queremos ver Jesus”.
Para chegar a Jesus, o caminho deles é Filipe,
que tem nome grego, mas era da cidade dos irmãos André e Pedro, Betsaida da Galileia. Filipe
foi um dos primeiros discípulos e o único que
Jesus tomou a iniciativa de chamar (Jo 1,43-
44). Ele chama o irmão de Pedro, André, seu
conterrâneo, também de nome grego, e ambos
vão a Jesus.
A resposta de Jesus parece nada ter que ver
com o desejo dos gregos de se aproximarem
dele. Ele responde dizendo, entretanto, que sua
morte salva a humanidade toda e é isso que tem
que ver com a busca dos gregos. Se também os
gregos o procuram, é porque ele atrai todos a si
(v. 33), o grão de trigo não fica sozinho, produz
muito fruto (v. 24).
A glória dele é esta, mostrar que a vida nasce
da morte, que a vitória vem do fracasso, que a
salvação vem do sacrifício de si em favor dos
outros. Essa proposta de Jesus desafia todas
as outras tentativas de buscar uma saída para
a humanidade. E não é fácil de entender e de
assimilar, como disse uma pessoa de nossas
comunidades: “Nem que a gente vivesse mais
duzentos anos acabaria de entender todo o significado da morte de Jesus”.
Não é fácil segui-lo, colocar-se onde ele se coloca, não fazer conta da própria vida, do próprio
bem-estar, mas deixar-se morrer como a semente,
para não ficar sozinho e produzir muitos frutos.
O próprio Jesus é levado a dizer: “Pai, livra-me
desta hora”, o que nos sinóticos está na oração
no Getsêmani ou no horto das Oliveiras.
Ao entregar a própria vida, Jesus condena o
mundo governado pela arrogância, pela concentração de poderes, pela imposição da vontade de
um sobre todos, pela cobiça e pela competição.
“É agora o julgamento deste mundo, agora o que
manda neste mundo vai ser posto para fora”,
diz ele hoje.
Na Paixão segundo João, parece que é Jesus,
não Pilatos, que senta na cadeira de juiz, ao tribunal (Jo 19,3). Quando a coligação dos poderes
romano e judaico pensa que o está condenando,
é ele, Jesus, vestido, coroado e sentado como rei,
que está condenando o que governa este mundo.
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