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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

 
Quaresma: tempo de reflexão
Dom José Alberto Moura, CSS
Arcebispo de Montes Claros-MG

O cuidado com a vida nos remete ao projeto de Deus, sua fonte. Ele é o grande solidário com a causa de nossa realização humana. Não foi à toa que resolveu nos ensinar, de modo humano, a valorizar e descobrir o divino em nós e sua ação humana no trato com todo tipo de vida. A Quaresma é uma oportunidade de grande graça para revermos nossa caminhada existencial à luz do Filho. Ele nos leva ao endereçamento da caminhada terrestre de sentido. É verdadeira vocação para construirmos todo o processo de comunhão com Ele, entre nós e a natureza.
Fazemos penitência, oração, escutamos, seguimos e ensinamos a Palavra de Deus, somos caridosos, promovemos a justiça, reconhecemos e pedimos perdão dos erros e pecados. Tudo é realizado justamente para nos prepararmos mais intensamente para a realização da Páscoa em nós, com a vida nova indicada por Cristo ressuscitado. Não é tempo de tristeza e sim de ponderação e revisão da caminhada. Assim nos  imbuimos da alegria de experimentar dentro de nós e na convivência fraterna, a certeza de que nosso esforço para a realização do projeto de Deus vale a pena. Superamos o medo, as tentações, a fixação na prisão do egoísmo e do materialismo. Somos capazes de olhar para a finalidade da vida com os critérios de Cristo.
Neste tempo privilegiado de conversão somos ajudados pela Campanha da Fraternidade. Ela nos ajuda à prática da fé comprometida com o planeta terra, que Deus nos deu para cuidarmos. O tema “Fraternidade e a Vida no Planeta” nos apresenta o desafio de cuidarmos de nossa casa comum. Desleixá-la, agredi-la e  arruiná-la é nossa derrota. Fazê-la habitável com respeito é benefício para todos; é prolongarmos nossa vida e sermos gratos ao Criador. Somente mereceremos a vida eterna feliz se vivermos realmente como imagens e semelhanças de Deus. Assim como Ele cuida de tudo, também faremos nossa parte cuidando da terra. O lema “A criação geme em dores de parto” (Rm 8,22) mostra a realidade sofrida da natureza agredida de modo irresponsável pelo ser humano. Precisamos reverter isso. As intempéries da natureza estão nos mostrando nossa agressão à mesma. Precisamos criar uma consciência ecológica de respeito à natureza como dom de Deus. É verdade que a mãe terra nos alimenta. Alguns são gananciosos e exploram a mãe, em detrimento de grandes parcelas que morrem a míngua. O uso da terra e tudo o que ela contém deve ser regulado pela consciência do amor de todos por ela. Sem o amor a Deus nos tornamos altamente egoístas e desrespeitosos para com a natureza.
As cartilhas ou livrinhos da Campanha da Fraternidade, espalhados por todo o Brasil, ajudam-nos a realizá-la com mais proveito, preparando-nos espiritual e comunitariamente para a celebração da Páscoa. Damos  o sentido adequado para termos e levarmos a vida nova para todos. A mudança de mentalidade, advinda com a ressurreição de Jesus, nos impulsiona a tratarmos nosso planeta com dedicação e verdadeiro amor. Superamos o pecado, que é uma agressão moral a Deus, ao semelhante e à natureza. Com Cristo superamos todo tipo de tentação e  pecado (Cf. Mateus 4,1-11). Vivemos na alegria do amor. Obedecemos ao Senhor e executamos melhor seu projeto. Ele nos mandou dominar à sua semelhança, ou seja, cuidar da terra.


domingo, 12 de fevereiro de 2012


"Seduziste-me, Senhor, e deixei-me seduzir"


Fotos da  entrada do Noviciado de Maria Aparecida Silva







quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A vida Religiosa Dominicana

Como religiosos e religiosas, como dominicanos e dominicanas (religiosos e religiosas segundo o carisma de S, Domingos) somos chamados a ser “radicalmente profetas da vida”.
Hoje, na América Latina e no Caribe, a vida religiosa, na diversidade e na riqueza de seus carismas, “é chamada a ser uma vida discipular, apaixonada por Jesus-caminho ao Pai misericordioso, e por isso, de caráter profundamente místico e comunitário. É chamada a ser uma vida missionária, apaixonada pelo anúncio de Jesus-verdade do Pai, por isso mesmo radicalmente profética, capaz de mostrar, à luz de Cristo, as sombras do mundo atual e os caminhos de uma vida nova” (DA, 220).
A vida religiosa, como vida de especial consagração, é “um projeto de vida cristã radical”. Tem como referencial a vida de Jesus de Nazaré e acontece (se torna história) nas situações concretas da realidade humana e cósmica, a partir dos empobrecidos, oprimidos e excluídos da sociedade. 
Por vocação, os religiosos e as religiosas, os dominicanos e as dominicanas somos chamados a dar a vida por amor - numa entrega que, dentro de nossas possibilidades, deve ser total e exclusiva - a serviço da “vida no planeta”, fazendo acontecer o Reino de Deus. “Não existe amor maior do que dar a vida pelos amigos” (Jo 15,13). “Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim” (Jo 13,1).




Venha nos conhecer!!!   Entre em contato conosco:
domi.vocacional@yahoo.com.br





Fonte:http://vocacionalop.blogspot.com

AS NOVE MANEIRAS DE REZAR DE SÃO DOMINGOS


O tema da oração na Igreja foi, desde sempre, muito querido na Igreja. Grandes Doutores da Igreja como Santo Agostinho, São Gregório, Santo Hilário, Santo Isidoro, São João Crisóstomo, São João Damasceno, São Bernardo, e outros piedosíssimos doutores, gregos e latinos, escreveram grandes tratados sobre a oração. Eles recomendaram-ma, descreveram-na, mostraram a sua necessidade e os seus benefícios, explicaram o seu método, preparação e obstáculos.
Também São Tomás de Aquino e Santo Alberto Magno, da Ordem Dominicana, nos seus diversos escritos, expuseram com nobreza, santidade, devoção e elegância a maneira de rezar segundo a qual a alma se serve dos membros do corpo a fim de se elevar a Deus com mais fervor; de tal modo que a alma que anima o corpo, é por sua vez animada por este, e entra em êxtase como nos diz São Paulo ou então num santo arrebatamento como experimentou o profeta David.
A este respeito, convém narrar o que fazia São Domingos que recorria frequentemente a este modo de oração através do corpo.
É de se notar que também os santos do Antigo e Novo Testamento rezavam assim algumas vezes. Na verdade, este método excita a devoção, pela acção recíproca da alma sobre o corpo e do corpo sobre a alma.
Graças a ele, São Domingos chegava a derramar copiosas lágrimas. E crescia-lhe a tal ponto o fervor da vontade que ele não conseguia impedir que os membros de seu corpo manifestassem sua piedade por algum sinal inequívoco. Com que êxtases o seu espírito não se entregava então a pedidos, súplicas, e acções de graças.
Não falaremos aqui dos grandes movimentos de fervor que lhe eram habituais na celebração da Santa Missa e na recitação dos salmos.
De facto, muitas vezes no decorrer dessas funções sagradas, no Coro como em viagem, ele era arrebatado de repente acima de si mesmo, perdendo-se em Deus, na companhia dos anjos.
Oferecemos-lhe, aqui, os nove modos de orar de São Domingos, descritos por um dominicano português do século XVI, fr. João da Cruz (clique aqui).

Igreja do Convento de São Domingos

sábado, 4 de fevereiro de 2012


Bíblia

Ampliar imagemA Cura da sogra de Pedro – Ildo Bohn Gass

Quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012 - 20h23min
portalsementinhakids.com
 Aproximando-se, ele a tomou pela mão e a fez levantar-se...
 
(Marcos 1,29-39)

A passagem do evangelho segundo Marcos proposta para este final de semana está claramente dividida em três partes.

A cura de uma mulher para a diaconia, o serviço (1,29-31)
No Evangelho segundo Marcos, a primeira cura realizada por Jesus é a expulsão de um espírito impuro de um homem que está sob o domínio de escribas e da sinagoga de Cafarnaum, cidade onde Jesus foi morar, ao iniciar sua missão (Marcos 1,21-28). A lei imposta pelos escribas na sinagoga e no templo, além de ser um peso na vida das pessoas (cf. Mateus 23,1-4; Lucas 13,10-17), impedia que se pensasse e agisse orientado pelo Espírito de Deus. Pois, no dizer de Paulo, “a letra mata, o Espírito é que dá a vida” (2Coríntios 3,6). Por isso, Jesus salva as pessoas dessa força demoníaca que cria dependência e não liberta. 

“Logo que saíram da sinagoga, foram com Tiago e João para a casa de Simão e André”(Marcos 1,29). Convém lembrar que, mais do que frequentar o templo, Jesus prefere as casas, prefere o encontro com povo nos caminhos. Ali, todas as pessoas têm acesso ao encontro com Deus. No templo, só podiam entrar os sacerdotes.

Esta narrativa relata a 2ª cura de Jesus, conforme Marcos. Agora, é a sogra de Simão que está doente (Marcos 1,30). Logo que soube, dirigiu-se à cama em que ela estava. Três coisas chamam a atenção. 1) “Ele aproximou-se” (Marcos 1,31). Mais que procurar quem é o próximo, Jesus se torna próximo. 2) “Tomando-a pela mão”, Jesus faz algo fundamental para quem trabalha com pessoas doentes e com quem está na exclusão. Valorizando o toque, o abraço, Jesus valoriza sobremodo as pessoas debilitadas. 3) Jesus “levantou-a”. Enquanto estava deitada, essa mulher não podia ser sujeito com agir próprio. Dependia de outras pessoas. Colocá-la em pé faz dela uma diácona, uma pessoa livre para servir. “E ela se pôs a servi-los”

Convém lembrar que, se em Marcos a primeira pessoa curada foi um homem (Marcos 1,21-28), a segunda foi uma mulher. Jesus tratava as mulheres com a mesma dignidade com que se relacionava com os homens. Assim como tinha discípulos, tinha também discípulas. Quando Marcos menciona as mulheres que foram com ele até a cruz, cita Maria Madalena, Maria e Salomé, além de muitas outras mulheres que o seguiam, serviam e subiram com ele para Jerusalém como verdadeiras discípulas (cf. Marcos 15,40-41).

E o que nos resta senão também colocar-nos em pé e, com a força do Espírito de Jesus ressuscitado, tornar-nos pessoas livres para servir?

A prática de Jesus liberta de doenças e de possessões (1,32-34)

Naquele dia, depois do pôr do sol e junto à porta da casa de Simão e de André, Jesus ainda curou muitas pessoas enfermas e expulsou demônios, isto é, forças contrárias a Deus e que diminuem a vida de quem está sob seu domínio. As duas curas realizadas anteriormente, a do homem possesso e a da mulher enferma, são símbolos de toda prática libertadora de Jesus. E é prática que não para. Mesmo o sol já posto, Jesus continua libertando pessoas enfermas e endemoninhas.

A proibição de "falar, pois sabiam quem ele era" (Marcos 1,34) faz parte da intenção teológica de Marcos. Ele quer evitar a ideia de Jesus como um messias triunfalista, para reforçar a fé em Jesus como o ungido pelo Espírito de Deus (Marcos 1,10) que vence, aos poucos e de forma humilde como o servo sofredor, as forças contrárias ao espírito do Reino. Por isso, Marcos apresenta Jesus insistindo em que não se divulgue o seu messianismo aos quatro ventos. A proibição se estende aos demônios (Marcos 1,25.34; 3,12), às pessoas curadas (Marcos 1,44; 5,43; 7,36; 8,26) e a seus apóstolos (Marcos 8,30; 9,9), reservando essa revelação somente para o momento da cruz e pela boca de um estrangeiro: "Na verdade, este homem era Filho de Deus"(Marcos 15,39).

Senhor, Deus da vida, 
ajuda-nos a acolher a tua graça que cura e liberta das enfermidades, 
dos desejos egoístas e do consumismo individualista. 
Ó Deus, livra-nos dessas forças que nos seduzem 
e arrastam como possessão demoníaca, 
forças que nos dominam e impedem de sermos pessoas livres 
para, como criaturas novas, colaborar contigo 
no serviço ao teu Reino de justiça, a exemplo da mulher que curaste.
De onde vem as forças para a nova prática de Jesus? (1,35-39)
Depois de um dia de atividades salvadoras e que vão noite adentro, Jesus descansa para estar com as energias renovadas para mais um dia de serviço à vida. Mas não basta novo vigor físico. Algo mais profundo é necessário. 

Por isso, ainda de madrugada, Jesus se retira para um lugar deserto e ali cultiva sua íntima comunhão com o Pai, o Deus libertador do Êxodo. É que vai ao deserto, lugar por onde Deus guiou seu povo para a liberdade e "lá, ele orava" (Marcos 1,35).

A comunhão com o Pai é o segredo da força de Jesus na solidariedade com as pessoas mais desprezadas de sua época, entre elas as doentes e as possessas por todas as forças de alienação e que não permitem que sejam sujeitos de suas vidas. A intimidade com o Pai, essa espiritualidade de comunhão profunda com o sagrado, faz de Jesus uma pessoa radicalmente livre. A oração é a fonte onde Jesus bebe do mais puro Espírito que sustenta sua ação emancipadora junto às pessoas em estado de dependência, seja em relação às enfermidades, seja em relação às forças que nos alienam, impedindo-nos de sermos filhas e filhos livres e com dignidade.

Ó Deus, 
concede-nos a graça que permite esvaziar-nos do espírito individualista, 
das forças que geram discórdia, exclusão e sofrimento. 
Senhor, que teu Espírito libertador do deserto nos transforme e impulsione, 
tal como moveu Jesus de Nazaré, 
ao ponto de sermos sempre mais semelhantes a ti, 
pessoas livres para o serviço da vida, 
da cura e de tudo que domina como possessão em nossas mentes e corações. 
Amém!
Ildo Bohn Gass é bliblista, leigo católico. É autos da série Uma Introdução à Bíblia. Junto com o Pastor Carlos Dreher (IECLB) e a Revma. Lucia Sírtoli (IEAB), é autor do livro O pão nosso de cada dia dá-nos hoje.