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terça-feira, 20 de novembro de 2012

Carta final do 23º Encontro da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil



Carta final do 23º  Encontro da Comissão Dominicana de Justiça e Paz do Brasil

“Sem as mulheres  os direitos não são humanos...”

Queridos irmãos e irmãs da   Família Dominicana do Brasil
É com alegria que comunicamos a vocês que 68 irmãs e irmãos da COMISSÃO DOMINICANA DE JUSTIÇA E PAZ DO BRASIL estivemos reunidos pelo 23º ano consecutivo, nos dias 17 e 18 de novembro de 2012, em Goiânia.
Num clima de irmandade foram chegando os participantes dos Estados do Maranhão, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Amazonas, Pará, Tocantins, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo e Goiás e, num grande círculo, nos acolhemos fazendo a memória orante de algumas companheiras e companheiros: Ir. Revy, Lília Azevedo, Manelão e Ir. Maria Elisa que são uma grande referência na nossa caminhada.
Assessorados por Maria Soave, missionária leiga italiana, “caminheira errante, sem medo de errar, nos múltiplos caminhos entre vida e Bíblia”, aprofundamos o tema Protagonismos e Direitos das mulheres na família dominicana, na Igreja e na sociedade”.
Para iniciar, foram partilhadas três experiências de vida e de trabalho com mulheres na conquista do protagonismo e dos Direitos Humanos, das regiões do Pará, Amazonas e Vale do Jequitinhonha.
Dando continuidade ao nosso estudo, Maria Soave nos apresentou diversos elementos novos e interessantes.
Partilhamos com vocês algumas reflexões significativas que destacamos como apoio para a nossa caminhada de construção de novas relações de gênero:
 É fundamental se pensar no sentido político das palavras, desde suas origens e entender a força que está por trás delas, no sentido de gerar mudanças ou paralisar;
 Existe grande diferença entre desfazer e destruir. Desfazer dá possibilidade de refazer, de construir algo novo. Destruir fecha possibilidades. Quando se fala em relações de gênero, somos convidadas e convidados a desfazer esquemas que rompem essas relações e a refazer novas formas de relação;
 Não nascemos mulher ou homem, nascemos macho ou fêmea. Homem e mulher se constroem continuamente. Existem muitas formas de estar mulher ou estar homem no mundo, mas a sociedade patriarcal, com seu modelo machista de dominação violenta, estabeleceu uma única forma. Essa não é uma questão natural, mas sim histórica, pois não foi assim desde o início da humanidade; em um determinado momento da história surgiu o modelo patriarcal, que pode e urge ser mudado. Necessitamos, então, encontrar formas novas de relações;
 Neste caminho de reconstrução, se faz necessária uma consciência crítica. A leitura bíblica, a partir do método crítico libertador, ou seja, o método de leitura popular da Bíblia nos oferece muitas pistas.
Analisando fábulas e textos Bíblicos, Maria Soave nos ofereceu chaves importantes para uma pregação da Palavra comprometida com a criação de novas relações.
Durante o Encontro, fizemos o exercício do grito e da escuta, onde nós, as mulheres, aprendemos a gritar as dores dos nossos corpos tecidos de alma muitas vezes feridos e os homens foram aprendendo a calar e escutar nossos gritos. Quem sabe este poderia ser o nosso começo?
Com a mulher adúltera, com Míriam, com Maria.... fomos descobrindo os segredos das relações com base nos Direitos Humanos: ousar dizer não quando as diferenças geram dominantes e dominados e a dizer sim ao Projeto de Jesus; ter a audácia de desconfiar e gritar e aprender a arte de assuntar.
Com José de Arimatéia e com José de Maria, vislumbramos outras formas de estar homem.
Queridas irmãs e irmãos, contamos para vocês que todo nosso estudo foi marcado por reflexões, celebrações e convivência que nos apontaram para a importância e necessidade de mais aprofundamento, a partir de nossa realidade, iluminada pela Palavra libertadora do Movimento de Jesus a fim de nos impulsionar a, com audácia e coragem, nos comprometermos com a criação de novas relações de gênero e a continuar trabalhando para o maior protagonismo da mulher pobre e excluída.
Através de cartas, nós manifestamos nossa solidariedade com pessoas e grupos, vitimas de situações de injustiça e da dominação patriarcal.
Manifestamos também nosso apoio à solicitação recebida pela coordenação sobre a nossa participação em projetos de iniciativas não governamentais, relacionadas ao que vem sendo feito pela Comissão Nacional da Verdade, com ações concretas de base e sobre o tema do próximo Encontro que será “Trabalho de base e articulação das ações de Justiça e Paz”. Esse Encontro será, em Goiânia, dias 05 e 06 de outubro de 2013.
Elaboramos uma Nota Pública na linha de Justiça e Paz que será divulgada na Mídia em geral.
Finalizamos esta carta expressando aqui nossa irmandade dominicana com uma carinhosa saudação a todas e todos vocês.



Goiânia, 18 de novembro de 2012.

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