Nossa Senhora do Rosário, Patrona da Ordem dos Pregadores |
Muita gente, muitas comunidades enfatizam títulos e devoções à Maria, mãe, discípula companheira e comunicadora de Jesus. Maria de Nazaré é representada de tantas e diferentes formas: orando, mãos abertas, mãos postas, segurando o Menino Jesus no colo, com véu, sem véu, olhos azuis, morena, indígena, cabocla, etc. Mas, o que marca profundamente Maria como discípula e comunicadora de Jesus é a atitude de estar mostrando o Filho, como em Belém, em Nazaré, no Templo (aos doutores!), nas bodas de Caná (aos apóstolos!), no calvário, entre outras circunstâncias. Ela O mostrou também a José e a João Batista. A missão de Maria, chamada por Dom Pedro Casaldáliga de “Comadre de Nazaré”, foi e continua sendo a de encarnar o Verbo, o Deus Criança, tornando-se assim a comunicadora de Jesus. Com sua fé, Ela se torna interlocutora do Pai, em seu Projeto de enviar o Verbo ao mundo para a libertação da humanidade. Como nos memoriza o Documento de Aparecida1 , “Maria colabora no renascimento espiritual dos discípulos”, pois Ela está sempre no meio do povo (At 1, 14). A “comadre de Nazaré” comunica a nós o Evangelho e nos impulsiona à Evangelização: “ai de mim se eu não evangelizar” (1Cor 9,16), pois Jesus nos comunica o Pai e a Mãe cumpre a missão de nos comunicar o Filho. No próximo dia 16, celebraremos o 55º Dia Mundial das Comunicações Sociais, ocasião em que seremos convidados e convidadas a refletir sobre a Mensagem do Papa Francisco, intitulada “Comunicar encontrando as pessoas como e onde estão”, fundamentada em João 1, 46; abordagem atual e urgente, especialmente neste tempo de distanciamento físico (e não social, pois a comunicação nos ajuda à proximidade, inclusive para reconhecermos o que é essencial!). Oremos, pois, com Francisco: “Senhor, ensina-nos a ir e vir, a ouvir, a não tirar conclusões precipitadas (...). Ensina-nos a ir aonde não está indo ninguém”. Desejo que a nossa Mesa com São Domingos nos oportunize, particularmente neste mês de maio, a acolhermos, sentirmos e testemunharmos a presença amorosa e questionadora de Maria, mãe, discípula e comunicadora de Jesus. Que esta mesa seja uma Escola mariana em que aprendamos a olhar Maria a partir do Evangelho e das orientações da Igreja, como a escolhida por Deus como co-participante do plano de libertação do povo. Que essa Escola nos ensina a fazermos a experiência de seguir a Jesus Cristo, de amá-lo e de torná-lo conhecido ao mundo; eis a nossa vocação, eis a nossa missão, as quais estamos convocados e convocadas a renovar e reprojetar – se for o caso – neste Jubileu dos oito séculos da Páscoa de São Domingos de Gusmão. Não custa lembrar: a nossa espiritualidade dominicana possui uma forte marca mariana!
Frei José Fernandes Alves, OP. - Prior da Província "Bartolomeu de Las Casas" - Brasil.