Carisma e Missão
O
fundador, São Domingos de Gusmão viveu e se consagrou a Deus. Arriscou-se
naquilo que pudesse acordar o mundo e iluminar o futuro. A missão da Pregação
orientou os seus passos para uma Vida Religiosa em Saída, adentrando as fronteiras
não se intimidou a responder as inquietações na vida da Igreja e Sociedade. Do mesmo modo, queremos e podemos!
Domingos dizia: “o grão amontoado
apodrece, disperso frutifica”. Essa brilhante ideia inspiradora na vida
dominicana nos chama e nos encoraja a dizer que mesmos que sejamos sementes
miúdas devemos ser lançadas no campo do Senhor. Nós, dominicanas consagradas
para a missão de Domingos, possamos ser frutos desse novo tempo em que se
convoca a vida religiosa a alargar os passos no caminho do Reino.
Hoje,
ao refletir e rezar a beleza de nossa santa vocação, nós nos encorajamos a
correr o risco... Em tudo abdicamos para procurar a moeda perdida, e vivemos o
apostolado de Jesus Cristo. A nossa
realidade de mundo clama incessantemente às ações que podemos desenvolver junto
às pessoas por uma nova sociedade, reino de Deus que se faça acontecer em
verdade e serviço. Ao mesmo tempo, permitir que a beleza do mistério incutido
em nosso interior seja refletida no mundo, não apenas como atividades
realizadas, mas como novos caminhos, criativos e cheio de profecia. Possamos favorecer
a justiça e o direito como expressão da dignidade humana.
Por
isso, faz-se necessário ouvir os clamores de mudança em nossas atividades
cotidianas, sendo capazes de alargar os horizontes de nossas vidas, para que a
nossa história que já estamos construindo não seja meramente a repetição do
passado, mas um presente de resposta.
O
carisma da Ordem Dominicana é a Pregação. Essa pregação que nos fascina
dia-a-dia nos faz perceber, antes de tudo, o chão que pisamos. É dessa
realidade de vida que fala o coração. O chão é lugar em que podemos nos
locomover, e ser itinerantes da Palavra. A Palavra que veio habitar se fez
morada no mundo. O mundo é o nosso claustro. Essa é a novidade da vida
dominicana e seu carisma profético que nos faz viver a missão consagrada. Para isso,
basta não temer às mudanças. O peregrino de Deus é feliz quando pode viver essa
liberdade a qual foi chamado, percorrer caminhos e transformar situações de
morte em vida.
Anseio
que esta seja a necessidade contemplada por nós, individualmente e em nossas
comunidades. É preciso sair de nossas mediocridades, do pensar pequeno ao redor
de nós mesmos, parar de dar voltas ao entorno do mesmo lugar. Se um dia deixamos
nossos pais e a nossa casa foi por acreditar que esse seria uma opção a
conduzir para a felicidade. Logo, viver fechados em nós mesmos, somente
afirmando as dificuldades do dia-a-dia sem nada poder fazer de novo não faz
parte do sonho de quem desejou transformar a própria realidade em algo maior
que si mesma. Sim, o Reino é maior do que nós. É preciso que a mudança entre
nós seja permanente, seja concreta, potencializando a participação e a
responsabilidade em nosso carisma e na missão.
Por
menor que seja a parcela de nossa ação, eu sei que esta fará grande diferença
da realidade que aqui estamos, pois pior que isso é a nossa incapacidade de
querer atravessar os mares de nosso egoísmo, da nossa tolice desenfreada em
julgar e condenar, e nos fazer mal, viver no individualismo que mata.
Vamos!
Ainda é tempo de acreditar e abrir os nossos olhos, reconhecer verdadeiramente o
Cristo que nós pregamos na fraternidade.
Irmã Luciana Vinícius de Souza, OP.